A República Popular da China é o 4º maior país do mundo e o maior da Ásia Oriental com aproximadamente 9,6 milhões de quilómetros quadrados. É também a nação mais populosa do mundo, com mais de 1,36 mil milhões de habitantes1.
A área geográfica da China é aproximadamente a mesma dos Estados Unidos da América, embora a sua população seja cinco vezes superior. Para além disso, devido às características da geografia chinesa (grandes áreas de deserto e muitas montanhas) a população chinesa vive numa área surpreendentemente pequena (Riley, 2004).
Crescimento económico sem precedentes
O principal objectivo económico da China é a de deixar de ser considerada uma economia emergente antes do final do século XXI. Para Waters, a China provavelmente alcançará este objectivo antes (Waters, 1997).
De facto, depois das grandes reformas económicas levadas a cabo nas últimas décadas que eliminou barreias ao comércio externo e deu grandes incentivos à internacionalização, a China tornou-se a segunda maior economia global, com níveis de crescimento económico sem precedentes.
Efeitos da crise
Entre 1990 e 2010 a taxa média anual de crescimento da economia foi a maior do mundo, situando-se nos 9.6%. Com a recente crise financeira e económica, muitos analistas temiam que o motor de crescimento chinês colapsasse (Babones, 2011)2. E de facto, entre 2010 e 2013, a taxa média anual de crescimento abrandou para cerca de 8,8% (Trading Economics, 2014).
Contudo, os efeitos da crise acabaram por ser brandos e peso embora continuem a existir ameaças (por exemplo na especulação imobiliária), a maioria dos economistas continua a prever um rápido crescimento para o país(Babones, 2011)3. Por exemplo, o prémio Nobel da economia Robert Fogel estima que a China continuará a ter uma taxa média anual de crescimento de 8% até 2040, altura em que atingirá os 123 biliões de US dólares, em termos per capita, o dobro da riqueza da Europa (Fogel, 2010).
Mas nem todos os economistas são consensuais e existem críticas a estas previsões. Um dos argumentos usados é que à medida que os anos passam será cada vez mais difícil manter níveis de crescimento elevados. Ao mesmo tempo, a competição entre mercados emergentes será cada vez maior.
Perda de competitividade da economia
Num estudo recente publicado pela Boston Consulting Group (BCG), consultora líder mundial em estratégia de gestão, é referido que na última década a competitividade nos custos de produção mudou drasticamente entre vários países.
Por exemplo, no âmbito da produção industrial, o México é atualmente considerado mais competitivo do que a China (BCG, 2014).
Salários elevados e valorização da moeda
De facto, ao contrário do que se possa pensar, a China é atualmente o país que tem os salários mais elevados dentro do grupo dos países com economias emergentes (Cai, 2014). Entre 2000 e 2013, os aumentos salarias anuais na China foram cerca de 11%.
Também a moeda da China, o Renmimbi, sofreu uma valorização de cerca de 30% fase ao dólar americano desde 2007. (Tao & Hu, 2014) .
Por isso, não é surpreendente que várias empresas tenham deslocalizado as suas fábricas para outros destinos, como o Vietname, Indonésia ou a Tailândia, onde os custos de mão de obra são inferiores (Badkar, 2014; Badkar, 2014). Por exemplo, no ano 2000 a Nike produzia 40% do seus ténis na China, enquanto que o Vietname tinha uma quota de mercado de 13%. Em 2013, o Vietname tinha aumentado a produção para 42% e a China reduzido para 30% (Cai, 2014).
Envelhecimento da população
Existe ainda um outro indicador alarmante que poderá ter impacto no desempenho da economia chinesa nos próximos anos: o envelhecimento da população. Em 1950, a China dispunha de uma população jovem e com um rápido crescimento.
Contudo, devido às políticas de controlo de natalidade levadas a cabo nos últimos 30 anos – nomeadamente no que diz respeito à política do filho único – a população chinesa está a envelhecer a um ritmo preocupante4, o que irá reduzir a força de trabalho a médio prazo e aumentar os custos com os cuidados de saúde aos cidadãos mais idosos.
A falta de água potável
Apesar da China ser o 6º país do mundo com mais recursos hídricos (Hefa Cheng, 2011), um dos principais problemas atuais da China é – ironicamente – o da escassez de água potável.
A pesar da China ter cerca de 20% da população mundial, dispõe apenas de 7% da água potável existente e muitos dos recursos existentes estão concentrados em zonas com pouca população.
Por outro lado, o extraordinário desenvolvimento industrial e económico do país, a explosão demográfica sem precedentes e a rápida urbanização aumentaram exponencialmente o consumo de água e contribuíram conjuntamente para a deterioração da sua qualidade5.
Entre 1950 e 2013, a China perdeu cerca de 27000 rios. Esta redução está na maioria dos casos relacionada com uma exploração desenfreada por parte de quintas e fábricas (The Economist, 2013). Ao mesmo tempo, entre 1950 e 2010 a população chinesa aumentou em 773 milhões de cidadãos de 565 milhões para 1338 milhões. O Compound Annual Growth Rate (CAGR) foi de 1,45% neste período.
No que diz respeito à poluição, o governo chinês admitiu que cerca de 59,6% (dados de 2013) das reservas de água subterrânea estão contaminadas e impróprias para consumo, um resultado pior que foi observado na análise anterior (57,4% em 2012) (Xinhua, 2014). Na realidade, o mesmo relatório refere que apenas 3% das reservas de água do país estão classificadas como “limpas”. A descontaminação destas águas tem custos elevadíssimos.
Atualmente, cerca de 2/3 das cidades chinesas têm problemas com o fornecimento de água. A situação é bastante grave porque a falta de água limita a qualidade de vida dos cidadãos e o desenvolvimento económico do país. Por exemplo, só a agricultura consome atualmente cerca de 75% da água disponível (National Academy of Sciences, 2014). Um outro exemplo diz respeito à exploração de gás de xisto: apesar da China ter grandes quantidades deste recurso, não o consegue explorar porque as maiores reservas ficam localizadas nas zonas mais secas do país. O próprio Banco Mundial estimou que os problemas de água da China tenham um impacto de 2,3% do PIB (The Economist, 2013).
Por isso, foram tomadas várias medidas para aumentar a eficiência na gestão dos recursos hídricos (redução do consumo), sensibilizar os cidadãos, melhorar as práticas ambientais da indústria e despoluir os cursos de água contaminados (Jones, 2012). Por exemplo, em muitas cidades, o preço da água é mantido muito baixo (de forma artificial), o que convida ao desperdício (The Economist, 2013).
Ao mesmo tempo, a China lidera os países que estão a investir em tecnologia própria para dessalinizar a água do mar. Em países como a Árabia Saudita, cerca de 70% da água potável consumida é produzida através da dessalinização da água do mar. O principal método usado no mundo para dessalinizar água é a osmose inversa.
Devido à estratégia do governo chinês, a China está rapidamente a tornar-se um dos maiores mercados mundiais em crescimento para a água dessalinizada. A meta mais recente é quadruplicar a produção até 2020, dos atuais 680.000 metros cúbicos diários para pelo menos 3 milhões de metros cúbicos, equivalentes à produção de quase uma dúzia de outras usinas de 200 toneladas diárias, como a que está sendo expandida em Pequim (WINES, 2011).
- http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rep%C3%BAblica_Popular_da_China&oldid=40633689 [↩]
- Babones, S., 2011. The Middling Kingdom. Foreign Affairs, 90(5), pp.79-88 [↩]
- Babones, S., 2011. The Middling Kingdom. Foreign Affairs, 90(5), pp.79-88 [↩]
- Feng, Z., Liu, C., Guan, X. & Mor, V., 2012. China’s Rapidly Aging Population Creates Policy Challenges In Shaping A Viable Long-Term Care System. Health Affairs, 31(12), pp. 2764-73 [↩]
- Hefa Cheng, Y. H., 2011. Economic Transformation, Technological Innovation, and Policy and Institutional Reforms Hold Keys to Relieving China’s Water Shortages. ENVIRONMENTAL SCIENCE & TECHNOLOGY, 45(2), pp. 360-361 [↩]