Enquanto passageiro, há muito que assisto à implementação dos novos cartões sem contacto nos operadores de transportes da região de Lisboa.
Quando o sistema começou a ser implementado em larga escala há sensivelmente 4 anos, pareceu-me algo bastante ambicioso dada a multiplicidade de agentes e operadores envolvidos, mas era realmente importante melhorar a acessibilidade da área metropolitana e diminuir os custos com papel.
Volvido algum tempo, penso que é oportuno fazer um pequeno balanço enquanto utente e passageiro.
3 Cartões?
Aquilo que seria um “cartão único, usado e partilhado por todos os operadores de transportes da região metropolitana de Lisboa”, cedo se transformou em mais dois:
- Lisboa Viva (7 a 10 Euro com validade de 4 anos) vocacionado para as assinaturas/ passes e depois o
- 7 Colinas e o Viva Viagem (0,50 Euro com validade de 1 ano), para viagens simples simples ou pré-compradas.

Nunca compreendi o motivo que levou à existência e coabitação do 7 Colinas e do VivaViagem.
Independentemente das (eventuais) condicionantes técnicas, isto só serviu para confundir os utentes. Se é a mesma coisa, para quê dois nomes, duas marcas? (Nunca mais vi o 7 colinas, pelo que suponho que tenha sido descontinuado).
Papel, qual papel?
Uma das ambições deste sistema passava pela redução da utilização do papel. A meu ver, tal não aconteceu, pelo menos até agora.
Isto porque por cada cartão emitido ou recarregado, continua a ser necessário emitir um talão comprovativo da compra/recarregamento. Por outras palavras, assume-se que o sistema é frágil ao ponto de não ser possível abdicar do papel (para efeitos de auditoria como anomalias ou de fiscalizações).
Desta forma e muito ironicamente, não só não se reduziu o consumo de papel, como em alguns casos, aumentou. E complicou a vida aos utentes: Antes tinham que ter um título válido. Agora, é preciso ter um título válido e um talão que comprova que o título é válido.
Reutilização
Os cartões permitem a reutilização, mas no caso do Viva Viagem/7 Colinas isto nem sempre é possível.
Este cartão só permite carregar um tipo de título de cada vez e de apenas um operador, o que invalida, por exemplo, a aquisição de bilhetes de ida e volta (quando a viagem inclua mais do que um operador).
Por exemplo, imaginemos uma viagem que incluia a utilização da Fertagus e do Metro de Lisboa. Na Fertagus, se comprar duas viagens (ida e volta), ao chegar ao Metro, o cartão estará bloqueado à Fertagus e não permite carregar um título do Metro.
Pior: ao validar o cartão na entrada da Fertagus, é necessário validar à saida – coisa que ninguém faz porque não há torniquetes nas estações de comboio em Lisboa – para permitir carregar um outro título.
Chega-se ao caricato de uma máquina automática dizer que cartão está carregado com outro título, mas que não tem viagem nenhuma!
Fragilidade dos cartões Viva Viagem/7 Colinas
Os cartões Viva Viagem são muito frágeis e muitos deles apresentam anomalias mesmo antes do ano de duração.
Cada pessoa é obviamente responsável por cuidar dos seus cartões, sendo o cartão é feito de papel, com uma espessura muito fina e com um circuito electrónico no seu interior, a durabilidade está condenada.
Creio que o suporte poderia ser mais resistente e reutilizável.
Conflitos entre cartões
A tecnologia contactless, tal como foi inicialmente apresentada, passava por “nem é preciso tirar da carteira”.
Mas com a necessidade de usar vários cartões, na realidade, é: é preciso tirar da carteira, escolher qual o cartão apropriado, passar no leitor e voltar a colocar na carteira. Sob pena de uma mensagem de erro “título inválido” ou de descarregar viagens no cartão que não queremos..
Usabilidade das máquinas automáticas
É muito curioso que ainda hoje (passado tanto tempo depois da implementação) continue a ser necessário colocar um funcionário em cada máquina de venda automática para ajudar as pessoas a comprar/recarregar os seus títulos.
É um sinal de que as máquinas são difíceis de usar e sobretudo inconsistentes: cada operador usa máquinas de marcas diferentes, com interfaces diferentes. Aqui poderia ter havido um sindicato, uma compra em bloco de máquinas para os vários operadores no sentido de uniformizar o sistema e de facilitar a vida das pessoas.
[…] porque tem a forma de uma moeda. Contém um chip RFID tal como os nossos cartões Viva Viagem (ver artigo que escrevi sobre os nossos cartões Viva Viagem), mas como são feitos de plástico são muito mais resistentes e são […]