O Crescimento de dados móveis

Crescimento do tráfego de voz e de dados das redes mundiais de WCDMA
Crescimento do tráfego de voz e de dados das redes mundiais de WCDMA

Com a introdução das últimas evoluções das tecnologias 3G WCDMA1 chegou o dia em que as receitas de dados móveis se tornaram substancialmente superiores face às receitas das comunicações de voz.

Segundos os especialistas, os serviços de voz continuarão a desempenhar um papel importante nas receitas dos operadores, mas é notório que os dados móveis estão a tomar o lugar de destaque no desenvolvimento de estratégias de longo prazo dos operadores (Americas, 2008).

Em maio de 2007 o tráfego de dados ultrapassou pela primeira vez o de voz nas redes WCDMA/3G.

Tal aconteceu devido sobretudo à introdução da tecnologia HSPA (High-Speed Packet Access) que permitiu uma utilização mais eficiente do espectro e a consequente oferta de velocidades de transmissão superiores.

A boa cobertura do território e a introdução de vários equipamentos no mercado como cartões de dados HSPA e USB dongles contribuíram para o aumento do tráfego de dados. Vários operadores reportam um aumento de quatro vezes do tráfego de dados em apenas 3 meses depois de terem lançado o HSPA (Ericsson, 2007).

Veremos em seguida o que motiva os operadores a implementarem estes protocolos nas suas redes, o que implica – na maioria dos casos – operar várias tecnologias em simultâneo.

Taxa de crescimento de dados móveis

A estimativa de crescimento de dados móveis para os próximos 5 anos pode ser observada na figura seguinte.

 

Previsão da evolução dos dados móveis entre 2011 e 2016
Previsão da evolução dos dados móveis entre 2011 e 2016

Entre 2011 e 2016, segundo a Cisco2, a taxa de crescimento anual do tráfego de dados móveis será de 78% (CAGR3), sendo que em 2014 o crescimento estimado de dados móveis atingirá 4.2 Exabytes por mês (Cisco, 2012).

Estas estimativas são revistas periodicamente com base nos últimos dados disponíveis e têm-se revelado conservadoras.

 

Previsão da evolução dos dados móveis entre 2011 e 2016 por região
Previsão da evolução dos dados móveis entre 2011 e 2016 por região

 

É possível constatar que as previsões apontam para um grande crescimento nos países da Europa Ocidental, assim como nos países asiáticos (onde se inclui o Japão). Estas duas regiões irão representar cerca de metade do tráfego móvel mundial em 2016.

A China reportou recentemente ter alcançado mil milhões de assinantes e nos EUA o crescimento dos dados móveis será de 80% em 2012, representado um consumo global de cerca de 2000 Petabytes (2 Exabytes) (Sharma, 2012).

 

Razões para o crescimento de dados móveis

Existem várias razões para o crescimento dos dados móveis. A evolução tecnológica, a diversidade de novos equipamentos e serviços e os hábitos dos consumidores têm-se alterado ao longo dos últimos anos.

Novos equipamentos

A proliferação de novos equipamentos como smartphones, tablets e computadores portáteis ligados às redes móveis é grande geradora de tráfego uma vez estes dispositivos são capazes de oferecer ao consumidor conteúdos e aplicações que não eram suportados por equipamentos móveis da geração anterior.

 

Comparação do volume de dados usados por novos equipamentos móveis em relação à geração anterior
Um único smartphone é capaz de gerar tanto tráfego como 35 telemóveis básicos.

Diversidade de equipamentos

As estimativas indicam que em 2016, 25% dos utilizadores móveis irá ter 2 ou mais equipamentos móveis e 9% terá 3 ou mais.

Hoje em dia, ainda é comum encontrar operadores que oferecem planos de dados para cada equipamento, mas com o aumento do número de equipamentos por utilizador, começam a surgir pacotes globais que acomodam vários dispositivos e que potenciam o aumento de consumo de dados.

Vídeo móvel

Se analisarmos a evolução de crescimento dos dados por tipo de tráfego, concluímos que o vídeo irá crescer a um ritmo CAGR de 90% entre 2011 e 2016, uma taxa de crescimento maior do que qualquer outra categoria.

Apesar de se prever que o tempo médio de audiência permaneça relativamente constante, o aumento da definição do vídeo, a cada vez maior adopção do video-on-demain (VOD) e o facto deste tipo de conteúdo apresentar débitos de transmissão superiores a qualquer outro tipo de conteúdo móvel, irá fazer aumentar dramaticamente o tráfego.

Em 2016, prevê-se que 70% dos 10.8 exabytes transmitidos nas redes móveis sejam pacotes de vídeo).

 

Evolução do crescimento do tráfego móvel por tipo.
Evolução do crescimento do tráfego móvel por tipo.

 

Serviços de computação em nuvem (cloud computing)

A utilização dos serviços de computação em nuvem (cloud computing) veio ultrapassar as limitações de memória e de poder computacional dos equipamentos móveis que os impediam de agir como grandes consumidores de conteúdos e consequentemente de dados móveis. Serviços como o Netflix, YouTube, Pandora, Facebook, Spotify, Dropbox, SkyDrive, entre outros, permitiram superar estas limitações.

Atualmente um smartphone que use estes serviços gera o dobro do volume de tráfego em relação a um outro que apenas use aplicações web e de correio electrónico.

Serviços e aplicações Machine-to-Machine (M2M)

A expressão Machine-to-machine (M2M) refere-se às tecnologias que permitem a sistemas cablados ou sem fios comunicar entre si (Wikipedia, 2012d).

As comunicações entre sensores, máquinas e objetos têm levado ao crescimento das ligações M2M. Exemplos destes equipamentos são os contadores inteligentes (smart meters), equipamentos de vigilância e de segurança, sistemas de inventário, de gestão de frotas, módulos de sistemas de saúde, entre muitos outros componentes de sistemas de informação que necessitam de informação em tempo real.

As tecnologias M2M estão a ser usadas por um grande número de indústrias. Mesmo equipamentos que tradicionalmente não se encontravam ligados a redes móveis – como máquinas de venda automática ou veículos – estão agora prestes a juntarem-se.

Para além do aumento do número de equipamentos, os novos serviços criados irão fazer crescer o volume de dados transmitidos pelas redes móveis. Da mesma forma, a largura de banda será cada vez mais uma preocupação, prevendo-se que estes equipa- mento adoptem tecnologias 3G e 4G em vez do 2G.

A nível global, o tráfego M2M irá crescer 22 vezes entre 2011 e 2016, com uma taxa de crescimento anual de 86%. Em 2016, o tráfego M2M poderá atingir 508,022 terabytes por mês, 5% de todo o tráfego transmitido em redes móveis.

Cada equipamento gerará em média 266 megabytes de dados por mês, contra os 71 megabytes gerados em 2011.

Comutação casa/móvel (traffic offload)

Uma grande parte dos dispositivos móveis são usados dentro de casa. Para os utilizadores com ligações fixas de banda larga e pontos de acesso Wi-Fi, uma porção considerável de dados é desviada para a rede fixa, um fenómeno a que chamamos de (traffic offload). Tal fenómeno faz abrandar ligeiramente o crescimento dos dados das redes móveis.

Prevê-se assim que o CAGR das redes móveis entre 2011 e 2016 seja de 78% em vez de 84% caso não existisse um desvio para a rede fixa.

Contudo, ao longo dos próximos anos, a percentagem de dados desviados da rede móvel para fixa irá diminuir a nível global devido ao aumento da utilização de redes móveis em países em vias de desenvolvimento. O desvio de dados da rede móvel para fixa aumentará ligeiramente em países desenvolvidos, mas tal aumento não compensará a diminuição dos países em vias de desenvolvimento.

O CAGR será de 31% (3.1 exabytes por mês) em 2016, ligeiramente abaixo dos 33% (72 petabytes/mês) do que em 2011 (Cisco, 2012).

  1. WCDMA, abreviação de Wide-Band Code-Division Multiple Access, é a tecnologia 3G líder usada pelos sistemas UMTS em oposição à tecnologia CDMA – Code division multiple access usada pelas redes CDMA2000 usadas em vários países do mundo, mas sobretudo nos Estados Unidos da América(Wikipedia, 2012a []
  2. O Cisco VNI Global Mobile Data Traffic Forecast é baseado nos dados publicados pela Informa Telecoms and Media, Strategy Analytics, Infonetics, Ovum, Gartner, IDC, Dell’Oro, Synergy, ACG Research, Nielsen, comScore, Arbitron Mobile, Maravedis e pelo International Telecommunications Union (ITU). []
  3. Compound Annual Growth Rate. Corresponde à taxa de crescimento anual obtida durante um determinado período de tempo. []

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